Bons vestidos não conquistam bons príncipes

Eu tinha um compromisso e odeio me atrasar. Sempre tenho em mente, na hora que recebo um convite, qual roupa usar. Nesse dia não foi diferente, assim que recebi o convite para ir ao cinema, escolhi a roupa mentalmente, tinha escolhido meu vestido azul indiano que adoro e que fazia anos que não usava.
De banho tomado, fui ao guarda-roupa pegar o vestido para vestir e para minha surpresa ele não estava pendurado no cabide, nem dobrado na prateleira do armário, nem em nenhuma gaveta, na mesma hora me desesperei. O que vestir agora?

Faltava 30 minutos para o encontro e eu ainda estava de calcinha e sutiã no meio do quarto, tentando encontrar algo que me cabece. Com meu súbito emagrecimento, perdi muitas peças de roupa, vestidos, blusas, saias, calças, nada mais me deixava bonita. A não ser que eu escolhesse antecipadamente e minha avó desse algumas pinças, fora isso nada de roupinha na moda.

Revirei o guarda-roupa, procurando algo que súplice a necessidade do vestido e nada,vestir peças e mais peças, vestidos e mais vestidos, calças e mais calças, saias e mais saias, blusas e mais blusa, mangas longas ou de alças, vestir também as sem alças e nada ficava bonito no meu corpo.


Meu celular tocou, era meu companheiro de passeio, perguntando onde eu estava, já que nessa brincadeira de vestir e não vestir se passou 1hora. Respondi que estava no ônibus, no engarrafamento e continuei minha busca por uma peça que me caísse bem ao corpo.


Com roupa até o juízo, sentei ao chão, com peças espalhadas por todo ele, resolvi ligar para meu acompanhante e desmarcar o cinema, quando olho para a cabeceira da minha cama e lá estava o bendito vestido de toda a confusão.


Tratei de vesti-lo o mais rápido possível, soltei o cabelo, fiz uma maquiagem simples, calcei o meu salto e fui para o ponto de ônibus, meu ônibus foi o primeiro a passar, peguei-o e 15 minutos depois estava eu caminhado em direção ao cinema. Lá estava meu par, lindo, radiante, um príncipe, me olhando como se não houvesse mulher nenhuma na face da terra mais linda que eu.


Ele veio a minha direção, pegou em minhas mãos, me deu um leve beijo no rosto e falou ao meu ouvido: - Você está linda, esse vestido lhe caiu muito bem, digno de uma princesa. Sinto-me muito orgulhoso de ter ao meu lado uma mulher tão elegante e irresistível.

Na frente do cinema, todos me olhavam como se eu fosse a sensação do momento, a mais nova e bela modelo do pedaço. Me sentir até meio constrangida por ser o centro das atenções.

Subimos a escada rolante e fomos para a sala do nosso filme, assistimos o filme, rimos, comemos pipoca e saímos de lá bem satisfeitos. Depois disso meu acompanhante me levou para jantar por ali por perto, a luz do luar.

Era como num contos de fadas, pena que este não era o meu príncipe encantado, era só um amigo que dividia comigo os mesmos gostos, até os sexuais. E o bom de sairmos juntos era que ele sabia que ao meu lado poderia conseguir a atenção dos mais belos homens.

Sem dúvida, eu estava elegante demais, atraente demais, princesa demais, mas só para conseguir príncipes encantados para meu amigo, eu no fim da história, acabava só com a carruagem, o que tem suas vantagens, pelo menos não voltei para casa a pé.

Assim me dei conta, que não só as aparências enganam, como ficou claro também que muitas vezes não adianta se arrumar demais, já que vamos acabar no final só com a condução, também notei que as coisas podem estar na nossa cara e mesmo assim não as vemos, e no final de tudo descobrir que bons vestidos não conquistam bons príncipes.

Meu Vestido, Eu, A Modelo, Meu Príncipe, Caspian, Dorian Gray, Minha Carruagem!