A dor me levou aonde eu estou, me levou a ver a vida de outro ângulo.
Eu não custumo me arrepender das coisas que faço e também faço tudo pra não me arrepender daquilo que não fiz.
Subestimei meus limites e fui em frente em algo que sabia que poderia ser doloroso, mas nem olhei pros lados, enfrentei o novo e encarei a realidade, fiz o que achei que devia sem ao menos imaginar as consequências.
Ao abrir os olhos eu estava lá, vivendo uma vida que não era minha, andando num carro que não era meu, tendo desejos que não me pertencia.
Eu me sentir culpada, quis fugir, tentei esconder, mas não foi o suficiente, eu já estava presa na teias dessa vida. Já fazia de conta que eu pertencia aquele mundo, como diz o ditado ”se não pode com ele, junte-se a ele”, e foi exatamente o que eu fiz, me juntei aos desejos e aos medos e transformei a sede de respostas num saciar de perguntas e hoje estou aqui, justamente numa vida que não é minha.
Antes eu sentia falta, hoje a falta me sente, antes eu que esperava, questionava, hoje sou esperada e a cada dia mais um questionamento que eu não sei como responder, as coisas foram saindo do meu controle, o que era rotina tomou novos rumos e hoje sou eu que dou desculpas, sem nenhuma vontade de saber as dos outros, hoje eu tenho meus próprios motivos, minhas próprias desculpas, minhas próprias respostas, respostas essas que eu tenho que saber responder, e que por mais irônico que seja eu não tenho como responder.
Nos primeiros momentos tive recaídas, pensei que não ia conseguir, desafiei a força dos meus limites, mas hoje que já passei por tudo isso, que vi o que sentia se desmanchar como pó, não vejo motivo pra lutar, receio que seja em vão explicar agora, mais não me custa nada apenas desabafar.
Tudo começou exatamente com aquela severa frase idiota que ele me disse, aparti daí tudo mudou, por mais que eu agisse da mesma forma, por mais que eu quisesse que tudo fosse como antes, eu sabia que não seria, eu me conhecia e pior eu conhecia ele, eu não podia ser a mesma com ele, não tinha mais clima, bom como eu disse anteriormente tudo foi saindo do meu controle e quando eu vi eu já não estava mais presa a ele.
As palavras dele me fizeram pensar, martelaram na minha cabeça, até eu finalmente perceber que já não havia mais cadeias, mais laços, mais alianças, eu estava livre e foi justamente ele que me libertou, não era o que eu queria, não precisava disso e doeu muito a noção que tive ao notar que eu já não era mais dele e ele já não era mais meu, ele podia me dizer o que quisesse, por mais que eu o amasse, que o sentimento ainda palpitasse dentro de mim, não havia compromisso, não havia regras e não havia nada pelo que lutar, ele até tentou explicar, consertar as coisas, ajeitar como diria o próprio, mas não ajudou em nada, eu sempre tive minha cabeça formada e sempre acreditei que palavra dita não se muda com desculpas, ofensas feitas não se recupera com frases prontas, é bem lógico, ele havia criado uma ferida e essa ferida não iria sicatrizar com o arrependimento dele, eu até queria que fosse fácil assim, mas a burrada já estava feita e por mais que eu quisesse eu não tinha como consertar, nunca fiz medicina ou coisa parecida, eu não era especializada em curas, apenas sabia conviver com as feridas e não sicatrizar-las.
Ele não fazia idéia do que eu sentia e eu não diria, assim como não disse, sufoquei a dor sendo o mais apaixonada possível, demonstrando todo o amor que eu sentia, colocando pra fora tudo que devia, pelo menos era o que me cabia fazer, antes que tudo aquilo me sufocasse.
Eu havia perdido a confiança nele, havia destruido os laços, havia criado minhas próprias conclusões e não havia como mudá-las, ele sabia que seria assim, ele só não imaginava que acontecesse tão rápido, assim como eu, mas aconteceu, eu perdi o respeito, o carinho e o compromisso que regia o nosso amor.
Eu continuava amando-o, querendo-o, desejando-o bem, mas já não era como antes, eu olhava pra ele agora como um amigo que eu amo, zelo, cuido, quero bem, e desejo-lhe felicidades, mas nunca como o meu namorado, como o homem que eu pensei em ter uma vida, como eu disse tudo havia mudado, e ele já previa.
A minha ausência, a minha falta de notícias, eu realmente comecei a ficar mais ocupada, a não ter tempo nem ao menos pra respirar, eu já não tentava mais lutar pra vê-lo, já não tinha motivo pra quere-lo como antes, então eu simplesmente deixei a vida me levar, já que eu não podia levá-la eu fui com ela, deixando ela me levar, e ele notou bem isso, a minha distância, a minha ausência declarada era bem aparente.Eu continuava amando-o, querendo-o, desejando-o bem, mas já não era como antes, eu olhava pra ele agora como um amigo que eu amo, zelo, cuido, quero bem, e desejo-lhe felicidades, mas nunca como o meu namorado, como o homem que eu pensei em ter uma vida, como eu disse tudo havia mudado, e ele já previa.
Eu quis lhe dá explicações, quis falar com ele, tentar recuperar o que havia perdido, mas não cabia a mim, não era mais meu dever, sempre tiver o dever de cuidar, de respeitar, de ser dele e somente dele, mas daquele dia em diante já não era mais assim.
Ainda me doí pensar assim, me doí ver que mais um conto de fadas virou história de terror, eu estava morta mais uma vez, e o que me cabia era apenas tentar suportar a dor tentando acalmar a dos outros, e foi isso que eu fiz.
Segurei a barra, respirei fundo e fui em frente no meu objetivo, passei a olhar pra os problemas ao meu redor e não aos meus, não as minha dores e quem sabe assim eles por si só não se resolvesse ou desaparecesse de uma vez.
Eu ainda continuaria sendo sua amiga, sua ouvinte, sua companheira, sua queridinha e ele também seria o mesmo pra mim, eu zelaria por ele como nunca, amaria ele até a minha morte, só não falaria mais nisso e não seria quem ele queria que eu fosse, como eu disse eu já não era mais sua namorada, agora eu era apenas sua amiga.
Hoje tentei falar com ele, mas ele não pode me responder e eu então como já tinha dito antes deixei a vida me levar, até o dia que tudo fique em pratos limpos, eu enfim abrir mão dele, na verdade sempre soube que não era mulher pra ele, ele merecia coisa bem melhor, então por amor a ele e por entrega total, não lutei mais por ele, apenas deixei a vida tomar seus rumos e fiz das forças coração pra não chorar mais, não desejar voltar atrás.
Hoje eu vi que a falta manipula uma alma e fere um espírito gravemente mesmo sem a gente perceber.